quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um Balaio Cultural para os jovens, responsabilidade social à serviço da comunidade

Por Maria Claudia Reis e Rodolfo Henrique


Desde março de 2010 o programa de auditório Balaio Cultural tem surpreendido com sua capacidade de levar conhecimento de qualidade aos jovens. Gravado no teatro do CEU Caminho do Mar, o Balaio proporciona um leque de caminhos e informações culturais, de interesse social e educativo como drogas, sexualidade, violência e cidadania, de maneira dinâmica, moderna e interativa. Sua estrutura é semelhante a conhecidos programas de TV. Nas noites das primeiras segundas-feiras de cada mês, sempre às 19h30, o jovem tem direito a voz ativa na periferia e a animação é garantida.

Idealizado para ser um espaço onde educação, esporte e cultura devem andar na mesma direção, os CEUs foram construídos nas grandes periferias, regiões onde os educadores têm um encontro com a realidade: falta de acesso a cultura, poucas oportunidades para práticas de atividades esportivas e de lazer, violência e abandono vividos pelos alunos – crianças e adolescentes – em suas comunidades de origem. É mais precisamente, nas periferias, onde o uso e o tráfico de entorpecentes, a repressão e a morte precoce de adolescentes se apresentam de uma maneira cada vez mais constante.

“O Balaio é o protagonismo juvenil na prática. É onde os jovens discutem assuntos pertinentes a sua realidade, sexualidade, qualidade de vida, música, cidadania, responsabilidade social. O adolescente encontra um espaço de discussão.”, diz Tereza Cristina Martins, professora de história e coordenadora de projetos educacionais.

Diante deste quadro, e também considerando os efeitos das mídias eletrônicas e televisivas, a Educação, principalmente de crianças e jovens da periferia, exige novos posicionamentos e perspectivas. De um modelo pautado apenas na palavra, ela tem se direcionado para a construção das imagens e dos símbolos, como uma nova forma de leitura dessas próprias mídias.

Na periferia do Jabaquara, onde o Balaio é gravado, não é diferente, jovens adolescentes vivem situações de alta vulnerabilidade e para isso é preciso dar a eles novos estímulos, novos caminhos, onde possam refletir e dizer o que pensam, agir e transformar suas próprias vidas. É com este objetivo, de levar informação, cultura, novas perspectivas de vida e incentivar o protagonismo juvenil destes adolescentes, que vem sendo realizado o projeto BALAIO CULTURAL.


“No Balaio o jovem tem voz ativa, é respeitado e encarado como publico formador de opinião. Tem espaço para expor suas idéias e tirar suas dúvidas. É motivado à reflexão e à busca de oportunidades. O Balaio mostra que é possível encontrar melhores condições de vida, mesmo diante dos problemas que enfrentam”, diz Rodolfo Arantes idealizador e um dos apresentadores do programa.

Quadros como Eu Mereço, onde o jovem que se arrisca a responder, por exemplo, perguntas sobre atualidades ou seu cotidiano, pode faturar ali a uma ida para um ponto cultural de São Paulo, acompanhado pela produção do Balaio. O merecedor firma, ali na hora com a equipe e com a platéia, o compromisso de voltar na próxima edição do balaio para contar a experiência no quadro Valeu a Pena, o que atesta o compromisso do projeto em proporcionar acesso e inclusão social.
A interação no projeto não é só para jovens, o cenário, que muda a cada edição, traz sempre o trabalho de um artista da região, seja em fotos, desenhos ou obras da cultura popular. A música também é espaço para divulgação de jovens cantores, duplas ou grupos locais, em busca do seu lugar ao sol. E não para por aí, alunos do projeto de audiovisual da ONG Aldeia do Futuro, registram tudo e colocam em prática o que aprendem durante as aulas gratuitas, oferecidas em um espaço vizinho ao CEU.

O conceito do Balaio vai de encontro a sua simbologia: ser uma espécie de cesto muito comum no artesanato popular brasileiro, feito em diversos formatos e materiais diferentes, em especial da casca das folhas do dendezeiro ou de folhas de palmeira, mas também pode ser feito com jornais e verniz, e este Balaio Cultural, faz jus ao nome.

“Acima de tudo o Balaio é um programa de responsabilidade social, além de tudo ele é um formador de opinião, tem algo a mais”, diz Katia Maria Vicente, gestora do CEU Caminho do Mar.

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